Por Dr. Assad Frangieh.
O Líbano está sem Presidente da República desde fim de outubro de 2022. Houveram 11 sessões do parlamento libanês sem sucesso. As manobras dos deputados em se retirarem da sessão fazem com que um segundo turno na mesma sessão inviabilize o termino do processo eleitoral. Não se pode atribuir tal atitude, de quase todos os 128 deputados, à uma reação espontânea, mas a uma decisão anteriormente combinada entre os blocos dos parlamentares libaneses.
No clima político do Líbano, há duas macros divisões ideológicas ligadas aos interesses econômicos e sociais em primeiro plano. Estas divisões aparentam agregar os sectarismos cristãos e muçulmanos, porém ao se aprofundar melhor na essência dos problemas, fica evidente que o sectarismo religioso é apenas uma cortina de marketing político, suscetível à ingerência de muitos países ocidentais, vizinhos próximos e países asiáticos. O bloco ocidental liderado essencialmente pelos Estados Unidos da América, a França e a Arábia Saudita pressionam seus políticos libaneses por uma postura contrária aos simpatizantes do Hezbollah cuja essência é formar uma frente nacional libanesa em oposição às ocupações de Israel e que se tornou por circunstâncias diversas, um essencial opositor militar à Israel e daí um opositor aos seus aliados essencialmente os Estados Unidos da América. Assim ficou composto o Eixo da Resistência pela Síria, Irã, Iraque, Iémen e muitos grupos palestinos sob uma estratégica parceria com a Rússia e a China.
Para simplificar, o Bloco Ocidental apoia a eleição de um Presidente pró e foi assim que declararam o maronita Michel Mouawad como candidato. Os simpatizantes do Eixo de Resistência declaram de forma indireta o apoio ao também maronita Suleiman Frangieh, apesar do mesmo não registrar ainda sua candidatura. Após todas estas sessões, o impasse continua com altas probabilidades da desistência de Michel Mouawad. Assim a corrida presidencial, passa ter dois adversários – o Suleiman Frangieh com o apoio dos deputados inclinados para o Eixo da Resistência e o General Joseph Aoun, atual comandante do Exército Libanês que substituiria Michel Mouawad como candidato do Bloco Ocidental.
Os candidatos reais, mas não apresentados, os maronitas Samir Geagea e Gibran Bassil, têm suas possibilidades de se auto elegerem remotas por condições diversas restringindo, portanto em definirem seus apoios. Apesar de algumas declarações a favor de um ou outro candidato, suas decisões estão indefinidas e serão declaradas em momentos futuros.
O que se espera então?
Um entendimento entre a Arábia Saudita e o Irã. Um entendimento amadurecido sobre problemas internacionais que vão desde a Guerra da Ucrânia, a Guerra no Iémen, a presença norte americana na Síria e Iraque e uma dezena de outros obstáculos diplomáticos. Há muitos sinais que esse entendimento vem evoluindo e um deles é a reaproximação da Arábia Saudita e Países Árabes com a Síria. Até então, o Líbano receberá um pacote de soluções aliviantes que irão desde a redução das tensões políticas e naturalmente verbas para reerguer sua Economia.
Meu palpite do que se comenta hoje. Suleiman Frangieh como Presidente da República defendido pelo Eixo da Resistência e Nawaf Salam como Premiê defendido pelo Bloco Ocidental e naturalmente um novo Governador do Banco Central. Uma solução que poderá unir Gregos e Troianos, todos em baixo do dome do Parlamento do Líbano.