Por Mahdi Aqil, para Al-Afdal News, traduzido por Assad Frangieh.
(Durante entrevista, o Ministro Libanês disse que bastava “um rabisco de caneta” para que o Ministro do Kuwait liberasse verba para a reconstrução dos silos de armazenagem do Porto de Beirute. O Ministro do Kuwait não gostou entendendo que o Kuwait não é um pais de mandantes e sim de instituições)
A declaração do ministro da Economia e Comércio do governo interino do Líbano, Amin Salam, nos assegura que os países árabes, acostumados a receber ajudas, doações e empréstimos dos países do Golfo, acreditam que estes continuam os mesmos, e o mecanismo de ação de suas instituições só precisa da aprovação de seus governantes com um “pingo da pena” ou por uma ordem verbal até que faça o que lhe é pedido!
Parece que Sua Excelência, o Ministro, não se preocupou em ler o que os países do Golfo conseguiram no sistema de governança e transparência, e no jogo de números e lucros que esses países almejam em seus projetos internos e externos. Certamente, ele não sabe que a era das concessões e licitações, tapinhas nos ombros e reaproximação com os governantes desses países com palavras de carinho para eles, especialmente a famosa frase de “vida longa”, terminou irrevogavelmente. Já contam com instituições e um sistema consolidado em diversos setores, acompanhados de modernidade e desenvolvimento técnico e tecnológico comparável ao que ocorre nos países ocidentais.
Infelizmente para o ministro Salam, ele escolheu o país que é mais antigo em recorrer à lei e se comprometer com o trabalho das instituições (Kuwait) entre seus irmãos dos estados árabes do Golfo. E para sua informação, o que o ministro Salam disse em sua coletiva de imprensa não é um lapso de fala, mas sim uma firme convicção para ele e para a maioria de seus colegas no governo e no parlamento também, e o mesmo se aplica aos governantes em vários países árabes acostumados a receber ajuda do Golfo.
É claro que existem muitos países que ainda não possuem os segredos do novo jogo do Golfo. Isso porque o Líbano, como outros países, está acostumado a receber ajuda dos Estados do Golfo sem custos correspondentes, mas este último, com a segunda geração de seus líderes, mudou, principalmente o Kuwait, a Arábia Saudita e os Emirados, que lidam com o fora (árabe e não árabe) na linguagem dos números, até ressaltando que a era das bolsas e doações gratuitas é coisa do passado, exceto quando necessário ou por interesse político estratégico.
Essa linguagem de números exortou os países do Golfo a calcularem cuidadosamente seus investimentos em outros países árabes, incluindo o Líbano, hoje e amanhã. Consequentemente, a falta de transparência ou competição honesta e a corrupção desenfreada nas instituições dos países que solicitam ajuda ou investimento nas mesmas, levará os Estados do Golfo e outros a se absterem de investir neste ou naquele país.
Em suma, os países do Conselho de Cooperação do Golfo não são sociedades de caridade, mas países com especificações completas e traçam suas visões de cinco anos e décadas para o próximo meio século. Infelizmente, o Líbano ainda está examinando como mobilizar ajuda daqui e tomar emprestado dali por causa da classe política que o governou desde os anos noventa do século passado até a data em que escrevo estas linhas, com uma mentalidade reacionária que não domina nada além da política de corrupção desperdiçando os direitos do país e de seu povo.