Angelita Habr Gama nasceu na Ilha de Marajó, em 1933. Filha de imigrantes libaneses que vieram para o Brasil em busca de um refúgio da guerra, Angelita e a família, posteriormente, mudaram-se para São Paulo quando um de seus cinco irmãos faleceu devido a uma apendicite. Sua família era modesta economicamente, mas com excelente bagagem cultural, o que a iniciou nos livros e no gosto pela ciência.
Detentora de mais de cinquenta honrarias e premiações, tanto no Brasil quanto no exterior, em 2022, Angelita foi apontada como uma das cientistas mais influentes do mundo. A Universidade Stanford em parceria com a editora Elsevier, divulgou uma lista que representa os 2% dos cientistas mais citados em várias disciplinas. Angelita é reconhecida por alterar o paradigma mundial adotado durante quase todo o século XX para o tratamento do câncer do reto baixo. Com sua proposta, baseada em pesquisa clínica liderada por ela e iniciada em 1981, firmou-se como atual estado de que o tratamento do câncer do reto deve ser conduzido, em um primeiro momento, com quimioradioterapia. Só depois desse período de observação é que se pode discutir uma cirurgia. Uma das cientistas mais premiadas do país, a pesquisadora brasileira é professora emérita da Universidade de São Paulo (USP). Em 2020, ela se curou da Covid-19 após 50 dias sedada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na capital paulista.
Referência mundial
A gastroenterologista Angelita Habr-Gama traçou uma trajetória de sucesso e é referência mundial na especialidade em que atua, a coloproctologia, que estuda as doenças do intestino grosso, do reto e ânus. Em 1952, aos 19 anos, ela entrou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde alcançou topo da carreira na docência, como professora titular de cirurgia, por uma carreira marcada pela formação altamente especializada e pela excelência no ensino, na pesquisa e na extensão. Pioneira, doutora Angelita Gama foi a primeira mulher residente de cirurgia do Hospital das Clínicas (HC), anos mais tarde criou a disciplina de Coloproctologia na unidade, e foi a primeira a chefiar os departamentos de Cirurgia e Gastroenterologia da FMUSP.