Nesta data da independência do Líbano, vou contar duas histórias, uma a respeito da bandeira e outra a respeito do hino nacional.
A respeito da bandeira, nos anos quarenta, havia um grupo de libaneses que queria manter a bandeira da França com o cedro no centro e outro grupo arabista queria a bandeira multicolor (verde, branco, vermelho, preto) com o cedro centralizado. Aí surgiu a ideia de Henry Bey Faraoun que era presidente da Sociedade Austríaca em Beirute. Nisso ele pegou a bandeira da Áustria e colocou o cedro no centro e mostrou para o Patriarca Maronita Elis Houeik que aprovou de imediato a ideia. Em seguida Henry Bey levou a bandeira para o Presidente Saeb Salem que também gostou e assinou sua concordância. Assim nasceu a bandeira do Líbano. Enquanto os heróis da Independência estavam presos, eles desenharam e assinaram a bandeira do Líbano, porém não havia o lápis marrom para pintar o tronco do cedro. O cedro ficou todo verde e da Fortaleza de Rachaya onde estavam presos, deu-se a ordem de hastear a Bandeira do Líbano em Beirute e desde então usamos as cores vermelho, branco e verde…. apenas esquecemos o lápis marrom…
A segunda história é do hino. Em 1921 foi fundada a República do Rif Marroquino (no interior montanhoso do Marrocos) que acabou sendo dizimada em 1926 pelas tropas franco-espanholas. Em 1927 foi feito um concurso para a criação do atual hino nacional na época do Presidente Charles Derbbas. Acontece que a melodia do atual hino e alguns trechos das letras do hino nacional do Líbano são – literalmente, segundo Ziad Al Rahbani – os mesmos da República do Rif. Acredita-se que o hino fora vendido para a dupla libanesa pelo Mohamad Fleifel. O hino original seria do rebelde marroquino Mehdi Ben Baraka, feito pelo palestino Ibrahim Touqan e melodia de Mohamad Fleifel. A dupla libanesa que o adquiriu e o modificou era formada por Rachid Nakhlé (letras) e Wadih Sabra (melodia) e, oficialmente adotado em 1927.
Ao invés de entender isso como plágio, acho que a História memorizou o sonho de liberdade dos rebeldes da Independência do Marrocos, dizimados pelo colonialismo, nas vozes, nos corações e nas almas da Liberdade e da Eternidade dos Libaneses.
Quem deseja ouvir o comparativo, favor acesse a matéria de Rachel Karam de 2011