A União Libanesa da Diáspora é uma Associação Brasileira que agrega líderes e membros da Comunidade Libanesa no Brasil com sede em São Paulo.

CHERUEL – a tradição costurada nas calças

“Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome… estranho”. (Carlos Drummond de Andrade)

O “Cheruel’ (saruel) foi uma peça de roupa que a maioria dos homens do Líbano e do Levante usou durante séculos. Até a década de 1970, pessoas pobres ou ricas, comuns ou autoridades, trajavam esse tipo de calças no Líbano, na Palestina e na Síria. Porém, acabou-se tornando um patrimônio cultural e é usado por dançarinos de Dabkeh em festivais folclóricos.

No passado, o “Cheruel” era sinônimo de riqueza e ostentação: quanto mais amplo e decorado, mais prestígio, seriedade e status social ele dava. As decorações e guarnições nas calças eram localizadas em dois lugares (acima e abaixo dos bolsos), com enfeites coloridos, miniaturas e bordados que tomavam formas, linhas e desenhos geométricos, como triângulos e quadrados, além de configurações como a lua e o sol, que tinham dimensões mitológicas e sociais.

A origem da palavra “Cherual” é persa (Chloar), sendo que a sua pronúncia vem do idioma aramaico. É uma autêntica vestimenta oriental conhecida desde a antiguidade, levada pelos persas para os países árabes, onde ficou conhecida por “Cheruar”, para depois virar “Chirual” ou “Sirual”.

O “Cheruel” popular é uma calça fina, quase colada ao corpo a partir do joelho até o pé, tendo a parte superior mais alargada, indo da cintura até o joelho, e fazendo com que a parte posterior da calça ficasse saliente, produzindo uma espécie de “torção” protuberante, e que ficou popularmente conhecida como “Liyet Alsherwal” (A carne do Cheruel).

A calça era fixada na cintura por uma corda sólida e torcida, colocada na parte superior do cinto e conhecida como “Daket El Cheruel” (fivela do Cheruel), fazendo com que a corda (ou fio) ficasse pendurada através de duas aberturas pela frente da calça. É comumente usado pelos Sheiks da comunidade drusa, que o veem como um complemento básico da identidade religiosa nas aldeias de Bekaa, Baalbek e Chouf, no Monte Líbano.

O segundo tipo de “Cheruel”, de cor branca, é parecido com o tradicional, mas a parte de “torção” que fica solta atrás, é mais estreita, de modo a dar maior liberdade ao movimento.

Já o terceiro tipo do “Cheruel” é aquele sem as torções, e cujo comprimento das pernas chega até o limite superior do joelho. É um pouco largo no corpo e é geralmente feito de pano pesado.

Hoje, o “Cheruel” desfila com o nome de “Saruel” no mercado internacional da moda feminina e masculina, enquanto o menino, vestido com os sentimentos do mundo, vai descobrindo a sua herança pelo estilo de vida dos ancestrais.

Fonte – Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro
fotos: Pinterest

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