“Outras coisas podem nos mudar, mas a família é o começo e o fim”. (Anthony Brandt)
Por trás de cada nome de família existe uma história, uma narrativa, uma memória que fala de sua origem e de suas raízes. Até uma mesma família se dividiu em quatro ou até cinco outras. Há famílias cujas raízes remontam a certa confissão, e mesmo assim a encontramos em diferentes regiões e em outras confissões, e isso se deve às circunstâncias sociais, regionais ou econômicas.
No período otomano, o Líbano vivenciou onda de imigração e deslocamento de população em diversas regiões e países: Síria, Palestina, Jordânia, Iraque, Egito, Marrocos, além da própria Turquia. O Líbano também presenciou nacionalização de muitos estrangeiros no início do Século XX, e assim o país começou a testemunhar diversificação dentro das tribos ou no interior da família.
Por isso, algumas famílias libanesas mudaram a sua confissão ou religião e preservaram o seu nome, não por seu desejo, mas por adaptação àquela nova região em que elas foram deslocadas, ficando conhecidas pelo seu nome, pela profissão que adotaram, pela função otomana que receberam ou pela qualificação do seu primeiro ancestral. Muitas famílias precisaram mudar de religião por razões militares e de segurança, e assim conseguir sua nacionalidade libanesa.
A origem dos alguns nomes de família se liga a muitas coisas, alguns exemplos são:
– Países, regiões e direções: Bhamdouni, Baalbaki, Saidaouei, Saidani, Traboulsi, Jezzine, Beyrouthi, Armouni, Matni, Chouaifani, Mazraani, Batrouni, Jabali, Amiouni, Alsaheli, Kaai, kalamouni, Albissar, Bazoouni, Assi, entre outros;
– Meses, dias, estações: Mouharam, Rajab, Cheeban, Ramadan, Chebt, Khamis, Joumaa, Sbaiti, Rabih, Saifi, etc;
– Comida, sabor: Helu, Murr, Melih, Melhi, Fulful, Hamud, etc;
– Religiões: Khoury, Khouairy, Chammas, Kassis, Kandalaft, Raheb, Salibi, Mutran, Habiss, Kiame, Bechara, Hage, Masishi, Musulmani, Darazi, Armani, Seriany, Cheikh, Sayed, Sadik, Khatib, Hilal, etc;
– Qualidades: Zarife, Naoum, Helui, bader, Jamil, Merhej, Bachur, farha, basmi, Assaad, Said, Saade, Karami, Rahal, Naame, Barakat, etc;
– Cores: Asfar, Sfeir, azrak, Zarka, Abiad, Achkar, Abou Chacra, Chacra, Chkair, Assouad, Asmar, Abou Samra, samrani, Ahmar, Hamra, Ahmarani, Ahmarian, Khadra, Abou Khoder, etc;
– Corpo, deficiências: (Aauar, Hawila, Ammach, Akhrass, Kharsa, Atrach, Zalooum, Aaraj, Ahdab, Abras, Tauil, Kassir, Abou Ainain, Maluf, Mazloum, Machnouk, Yamut, Maatar, Jajaa, etc)
– Animais: Fil, Hout, Sabeeh, Assad, Abou Dargham, Nemer, Fahed, Dib, Saker, Chahine, Asfour, Riachi, jamal, Ghazal, Gazale, etc;
– Insetos: Dabur, nahlé, Zarkat, Zaraket, Debbene, Barghout, Sarsour, Farashe, Namli, etc;
– Profissões: Hakim, Jarah, Moualem, Tayyar, Khazan, Khabbaz – Copaz, Bitar, Debbes, Kahouaji, Outri, Kayat, Hajjar, Najjar, Haddad. Nahhas, Kallass, etc;
– Cargos e família: Sultan, Agha, Raies, Khalife, Baron, Mir, Bacha, Khaoueja, Baba, Mama, etc;
– Produtos e utensílios: Hariri, Kettene, Daou, Nur, Kandil, Kabrit, Abou Chabke, etc.
E ainda há nomes que derivam de tribos, famílias e de insultos. A árvore das famílias libanesas é certamente o cedro e os seus galhos estão espalhados em todos os cantos. Afinal, somos todos primos, sem o mesmo sobrenome.
Fonte: Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro