Por Assad Frangieh
Há meses o ex-premiê libanês Saad Al Hariri tem fixado residência junto a sua família nos Emirados Árabes Unidos. Lá também tem seus escritórios para cuidar de seus negócios espalhados desde Beirute em todas as direções. Nesta última semana retornou para Beirute e durante uma reunião da executiva do seu partido Futuro, declarou que ele não deve se candidatar à deputado nas próximas eleições parlamentares em maio de 2022 e também não deve conduzir a campanha eleitoral do partido seja na indicação dos candidatos, nas alianças a serem costuradas e essencialmente no apoio e financiamento desta campanha. Na próxima segunda-feira 24 de janeiro deverá anunciar isso publicamente como prometido para os meios de comunicação locais.
Num país confessionalista, a renúncia do Hariri em concorrer e participar das eleições parlamentares, cria um quadro confuso dentro da maior comunidade populacional do Líbano que são os sunitas. O premiê atual Najib Mikati disse para muitos que ele não iria participar nestas eleições, como já declarou o ex-premiê Tammam Salam, além do fato de que o ex-premiê Fuad Seniora não demostrar entusiasmo em substituir o Hariri, sabendo-se que o Saad Al Hariri ainda está na vanguarda da representação na comunidade sunita. Isso significa a ausência do componente sunita na disputa eleitoral abrindo a possibilidade das eleições parlamentares serem adiadas.
Há muita água para passar debaixo desta ponte da política libanesa fortemente influenciada pela ingerência externa e pelos conflitos de interesses entre todos os presentes na condução do Estado Libanês. É preciso aguardar o decorrer dos acontecimentos até 15 de fevereiro quando fecham as inscrições para as candidaturas e reabrir uma nova página da diplomacia interna libanesa. Até lá, acompanhamos.