Reproduzido do árabe por dr. Assad Frangieh
Na Primeira Guerra Mundial 1914-1918, ocorreu no Líbano uma onda de fome na época do “Safar Barlek” – um decreto otomano que recrutava qualquer cidadão, em específico os cristãos para lutarem junto ao Império Otomano em decadência. Nesta situação de falta de alimentos, o Patriarcado Ortodoxo em Damasco abriu suas portas para alimentar os famintos e os que chegavam de Beirute, sem qualquer distinção de religião , cor ou seita. O preço do trigo tornava-se muito alto e sua disponibilidade era rara.
Isso levou o Patriarca a hipotecar as doações do Patriarcado e de todos os mosteiros sírios. Vendeu seus pertences e utensílios de ouro e prata das igrejas para comprar trigo, vendeu as antiguidades e os ícones de seus cristãos para salvar as almas das pessoas do espectro da fome. E todos os que procuravam a Igreja Mariana comiam pão todos os dias sem serem questionados sobre sua religião. O Patriarca chegou a vender sua Cruz de ouro que carrega no seu pescoço mas um ilustre muçulmano conseguiu recupera-la e devolvê-la ao Patriarca e dizem que mesmo assim ele não voltou a usá-la porque a vendeu de novo.
Um dia, o responsável pela distribuição do pão reclamou do grande número de muçulmanos que vinham buscar o pão. Seu número tornou-se maior do que o número de cristãos. O patriarca ergueu o pão bem alto em suas mãos e perguntou ao distribuidor do pão: Estava escrito nele apenas para os cristãos? Ele respondeu: Não. O Patriarca disse a ele: Você deve distribuir pão na proporção de um pão diário para cada pessoa que quiser.
Um dia, um pobre veio pedir ao patriarca uma boa ação. Um dos seminaristas que acompanhavam o patriarca perguntou-lhe sobre sua religião?! Não é suficiente para humilhá-lo que ele estendeu a mão para você para humilhá-lo perguntando sobre sua fé?!
O Patriarca morreu em 1928 aos 69 anos e 80 mil muçulmanos participaram de seu funeral. O rei Faiçal enviou 100 cavaleiros da cavalaria real a Damasco para participar da cerimônia fúnebre. O governo sírio disparou 100 tiros de artilharia. Os muçulmanos choraram por ele diante dos cristãos e o chamaram de “Pai dos Pobres”.
Esse foi o Patriarca Gregorius IV Haddad – nascido em 1859 e lembrado para sempre.