Por Assad Frangieh
Segundo matéria publicada pela TV libanesa LBCI, a crise econômica que assola o Líbano desde 2019 e o isolamento imposto pela pandemia de corona, impactaram os números de divórcios nas diferentes religiões cristãs e muçulmanas. O fato do aumento de casamentos realizados de forma apressada e por outro lado os pedidos apressados de divórcios, parece ser um elo comum entre as religiões. Há quatro principais justificativas em se pedir divórcios. A descoberta de relações extraconjugais, a violência doméstica denunciada, distúrbios psicológicos que afetam a saúde mental de um do casal e brigas domésticas acumulativas.
Em 2021, os maronitas tiveram 730 pedidos de divórcios sendo que todos eles são concentrados num único tribunal, a Corte Espiritual Maronita em Zouk Mosbeh ao norte de Beirute. Os gregos ortodoxos, chamados de Roum Ortodoxo no Líbano, possuem 6 tribunais, portanto não foi possível especificar o total em 2021, mas passou de 300 sendo apenas 170 casos no Tribunal do Monte Líbano. Há registro de mais de 100 casos com os Roum Católicos ou os melquitas e, outros dezenas de pedidos diretamente tratados pelos bispos locais antes de chegarem no tribunal religioso.
Os muçulmanos sunitas no Líbano têm 19 tribunais sendo que o Tribunal de Beirute, o principal entre todos os outros, registrou um aumento de 30% e há dias que se registram até 5 casos de divórcio. Os muçulmanos xiitas tem 23 tribunais chamados de cortes jaafaristas. O tribunal do bairro de Chiah em Beirute, registrava antes da Pandemia e a Crise, de 3 a 4 mil pedidos de divórcio por ano. Esse número se reduziu em torno de 2 mil casos em razão da longa greve dos advogados, as custas processuais e as dificuldades de locomoção.
Desde 1991 até 2003, as causas do divórcio eram 70% por divergências e brigas domésticas entre os casais, 12% por problemas financeiros e 5% por intervenções familiares na vida dos casais. Porém hoje, 60% dessas causas tem relação com a influência da mídia social no comportamento dos casais. Esse problema do impacto da mídia social sobre a vida familiar tem sido um tema em comum que muitos religiosos cristãos e muçulmanos estão buscando enfrentar em conjunto, segundo fontes desses dados.