Por Dr. Assad Frangieh
Para se dar voto de confiança ao Premiê Ministro muçulmano sunita no Líbano é preciso 50 mais um dos parlamentares e não há necessidade de unanimidade sunita. Para se eleger o Chefe do Parlamento muçulmano xiita no Líbano é preciso 50 mais um dos parlamentares e não há necessidade de unanimidade xiita. Para se eleger o Presidente da República cristão maronita no Líbano é preciso dois terços dos parlamentares. Num país dividido verticalmente em dois campos geopolíticos, o primeiro pró-ocidente sob a tutela norte americana e o segundo pró-oriental sob uma aliança tutelada pelo Irã e pela Rússia, é impossível se conseguir dois terços de entendimentos entre os parlamentares. A equação é simples. Nenhum campo consegue eleger por si só o Presidente, mesmo que tenha unanimidade cristã e por outro lado, qualquer dos campos consegue impedir uma sessão de eleição de Presidente. É como você ter poder apenas sobre o lado negativo das coisas e sem força para projetar um lado positivo das mesmas coisas. Assim se tem um impasse que deve alcançar seu primeiro aniversário final de outubro de 2023.
Após doze sessões do Parlamento do Líbano fracassando em eleger um Presidente, o Chefe do Parlamento Nabih Berri decidiu não convocar nova sessão exceto após uma tentativa de um diálogo entre as principais lideranças políticas. Alguns concordaram e outros são contra. O diálogo não saiu mesmo após a intervenção do emissário francês especial, Jean-Yves Le Drian em três maratônicas visitas das lideranças locais. Agora parece que o emissário do Qatar – Jassem Ben Fahad II, também em nova tentativa, está condenado ao mesmo destino. Um ciclo vicioso de conversas que não se consegue ser rompido.
Enquanto o país é governado por um Gabinete de Ministros interinos e que muitas vezes não se consegue quórum mínimo para uma reunião ordinária ou extra ordinária, a economia do país continua estagnada, a moeda desvalorizada e a estação de turismo acabando, deixando a maioria dos libaneses caírem de novo na real, às vésperas do ano escolar e dos salários achatados pela inflação e sua desvalorização. Espera-se por um milagre. Um milagre por lideres que têm prioridades em seus conflitos maiores como o da Ucrânia, do Iêmen, e outros menores que se espalham em todo o Oriente Médio. Não há luz no fim do túnel, afinal parece que os libaneses estão apenas na entrada deste túnel.
É melhor aguardamos sentados… à espera do milagre.