A União Libanesa da Diáspora é uma Associação Brasileira que agrega líderes e membros da Comunidade Libanesa no Brasil com sede em São Paulo.

Pedro Simon – Advogado, Professor Universitário, Governador, Ministro e Senador por 3 mandatos consecutivos

Pedro Jorge Simon nasceu em Caxias do Sul (RS) no dia 31 de janeiro de 1930, filho de Jorge Simon e de Jalila Simon. Seu pai, libanês, foi mascate, tendo emigrado para o Brasil em 1922. Chegaram a Caxias do Sul em 1922, originários de El Kufur, junto com outras famílias como Sehbe, Kalil e David, todas maronitas.

Transferindo-se para Porto Alegre, em 1953, Simon ingressou no curso científico do Colégio Rosário e presidiu neste mesmo ano o grêmio estudantil de seu colégio e a União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas. Concluindo o científico em 1955, no ano seguinte ingressou no curso de direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Porto Alegre. Dando continuidade à militância no movimento estudantil, durante o curso superior ocupou por três anos consecutivos a presidência do centro acadêmico Maurício Cardoso. Eleito presidente da junta governativa da União Nacional dos Estudantes (UNE) em outubro de 1956, também presidiu o Congresso dos Estudantes de Direito das Américas e a Federação das Faculdades e Escolas Superiores Católicas do Brasil.

Bacharelando-se em 1959, foi convencido pela ala jovem do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) a disputar uma indicação à Câmara de Vereadores da capital gaúcha, no pleito de novembro desse ano. Ao ter a inscrição de sua candidatura negada pelo diretório municipal do PTB, por veto do governador Leonel Brizola, acabou elegendo-se vereador em Caxias do Sul, sua cidade natal. Empossado no início de 1960, ocupou a liderança da bancada trabalhista por dois anos. Nesse período, criou a Comissão Municipal de Amparo ao Menor Abandonado, que resultou na construção de um dos primeiros abrigos para a infância desamparada no interior do estado.

Nas eleições de outubro de 1962 candidatou-se à Assembléia Legislativa gaúcha na legenda do PTB. Deixando seu mandato na Câmara Municipal em janeiro de 1963, foi empossado como deputado estadual no mês seguinte. Em 1964, foi escolhido pelo presidente regional do PTB, Siegfried Heuser, para liderar a bancada do partido na Assembléia.

Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2, em outubro de 1965, e a conseqüente instituição do bipartidarismo, participou da fundação do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instaurado no país em abril do ano anterior. Reeleito em novembro de 1966 — ano em que liderou a oposição ao governo Ildo Meneghetti (1963-1967) no Legislativo gaúcho —, assumiu seu novo mandato em fevereiro seguinte, tendo atuado como deputado estadual constituinte até a promulgação da nova Constituição do estado em maio de 1967.

Em 1969, Simon assumiu a presidência do diretório do MDB gaúcho — cargo que ocupou por dez anos —, em substituição a Siegfried Heuser, que havia sido cassado pelo regime militar. Conseguindo superar o movimento pela autodissolução do partido, nas eleições de novembro de 1970, quando foi mais uma vez eleito deputado estadual, convocou o MDB para a luta contra os votos brancos e nulos, manifestando apoio à candidatura de Paulo Brossard ao Senado, que acabou no entanto sendo derrotado pelos candidatos governistas Daniel Krieger e Tarso Dutra, da Aliança Renovadora Nacional (Arena).

Em novembro de 1974, Simon reelegeu-se pela quarta vez consecutiva à Assembléia Legislativa gaúcha, atingindo, com 140 mil votos, a maior votação já obtida até então por um deputado estadual no país. Durante o período em que atuou na Assembléia, presidiu as comissões que analisaram o projeto de instalação da Aços Finos Piratini e do III Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul.

Candidatando-se a senador em novembro de 1978, na legenda emedebista, às vésperas das eleições Simon repudiou o apoio de Luís Carlos Prestes, secretário-geral do extinto Partido Comunista Brasileiro (PCB), garantindo que a oposição gaúcha teria condições de vencer sozinha o governo e a Arena. Eleito senador, foi empossado em fevereiro seguinte, postulando o restabelecimento do estado de direito, o que, a seu ver, criaria condições legais para a reorganização do quadro partidário do país.

Assim, com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979, defendeu a união dos emedebistas com os trabalhistas de Brizola na formação de um “único e grande partido de oposição”. Com o fracasso da iniciativa, foi então um dos principais articuladores para a criação do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), legenda que substituiu o MDB. Em janeiro de 1980, assumiu a presidência da nova agremiação no Rio Grande do Sul, além de ter sido eleito secretário-geral da executiva nacional do partido.

Concebendo as entidades estudantis como força capaz de viabilizar a participação efetiva dos estudantes na política nacional, em junho de 1980 apresentou projeto de lei no Senado propondo o restabelecimento do funcionamento legal da UNE e das uniões estaduais e municipais de estudantes, bem como a manutenção dos diretórios centrais de estudantes (DCEs) e centros acadêmicos. Como senador, integrou ainda a Comissão de Economia e Finanças e Legislação Social.

Em abril de 1982, tendo em vista a volta das eleições diretas para governador de estado, Simon teve seu nome lançado pelo PMDB gaúcho. Na ocasião, criticou os setores oposicionistas que rejeitavam coligações e definiu como responsabilidade de seu partido “derrubar os homens que estão no poder e transformar as estruturas socioeconômicas do país”. Derrotado pelo candidato do Partido Democrático Social (PDS), Jair Soares, na eleição de novembro seguinte, anunciou a apresentação de um relatório pela consultoria jurídica do PMDB sobre irregularidades que teriam ocorrido durante a apuração dos votos.

Em 1983, Simon ocupou a primeira vice-presidência nacional de seu partido, em substituição ao falecido senador Teotônio Vilela. Durante o biênio 1983-1984, participou das comissões de Finanças, de Relações Exteriores e de Constituição e Justiça do Senado. Ainda nesse período, foi coordenador nacional da campanha das diretas, que propunha o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro de 1984.

Representada na Câmara dos Deputados pela emenda Dante de Oliveira, a proposta das diretas não obteve, contudo, a votação necessária para ser encaminhada ao Senado, ficando a sucessão presidencial para ser mais uma vez decidida pela via indireta, através da realização de um Colégio Eleitoral que se reuniu em 15 de janeiro de 1985. Nessa ocasião, Simon apoiou a candidatura oposicionista do ex-governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, que foi eleito presidente pela Aliança Democrática, coligação do PMDB com a dissidência do PDS batizada de Frente Liberal. Tancredo, no entanto, não chegou a assumir o cargo em 15 de março de 1985, data marcada para sua posse, e foi substituído por seu vice José Sarney. Acometido por uma diverticulite, veio a falecer em 21 de abril seguinte, sendo Sarney confirmado na presidência.

Ministro da Agricultura

Indicado para ocupar o Ministério da Agricultura no novo governo, Simon assumiu a pasta em março de 1985 em substituição a Nestor Jost. Licenciou-se de seu mandato no Senado, tendo sua vaga ocupada pelo suplente Alcides Saldanha. Logo no início de sua gestão, afirmou que iria incentivar a produção de alimentos, com o implemento de uma política de subsídios para a agricultura e o fortalecimento da economia de subsistência. Defendeu ainda maior autonomia para o ministério e a adoção de um programa de reforma agrária, no qual a distribuição de terras seria a resolução para o problema das grandes cidades. Prometendo dispensar tratamento especial ao pequeno produtor, em junho de 1985 anunciou projeto para a criação de um novo tipo de seguro rural que, além de cobrir o valor do empréstimo bancário, garantiria ao produtor o pagamento de todos os prejuízos da safra, de forma semelhante ao sistema americano.

Em setembro criticou o então ministro da Fazenda, Francisco Dornelles, pela proposta de adoção de uma política de importação de alimentos como alternativa ao crescimento da inflação. Ao invés de recorrer às importações, Simon sugeriu a compra do arroz e feijão nacionais mesmo que por um preço mais caro.

Em dezembro de 1985, manifestou sua discordância com a campanha pela realização, no ano seguinte, da eleição direta para presidente da República. Bancada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), a proposta encontrava-se superada para Simon, que apontava como prioridade, naquele momento, o pleito para a Assembléia Nacional Constituinte, a ser realizado em novembro de 1986.

Por ocasião da reforma ministerial empreendida por Sarney em fevereiro de 1986, Simon deixou o Ministério da Agricultura, sendo substituído por Íris Resende. Retornando ao Senado, exerceu, em abril, a presidência do PMDB em substituição a Ulisses Guimarães, que se licenciou para tratamento de saúde.

Em agosto seguinte, anunciou sua candidatura ao governo do Rio Grande do Sul. Não tendo obtido êxito nas suas tentativas de fazer alianças com o PDT ou mesmo com o PDS, recebeu, no entanto, o apoio do PCB. Ainda como candidato, manifestou-se em relação aos principais temas da futura Constituinte, declarando-se favorável à adoção do parlamentarismo, à manutenção da unicidade sindical, à limitação das atribuições das forças armadas à defesa externa e à extensão da reforma agrária para todas as terras “cuja produção em nada contribuísse para a sociedade”. Afirmou ainda ser contrário ao direito de greve em serviços essenciais.

Governador do Rio Grande do Sul

Na eleição de novembro de 1986, Simon foi eleito governador do Rio Grande do Sul, tendo como principal adversário o candidato Aldo Pinto, da Aliança Popular, formada pelo PDT e PDS. Encerrando seu mandato no Senado em janeiro de 1987, no mês seguinte defendeu a manutenção da Aliança Democrática até a promulgação da nova Constituição do país. Empossado no governo gaúcho em março de 1987, definiu como uma das metas de sua administração a rolagem da dívida do estado, prometendo racionalizar os custos e cortar excessos. Com esse objetivo, proibiu a contratação de funcionários públicos e determinou o preenchimento mínimo necessário de cargos de confiança e comissionados.

Ainda em março, entregou o cargo de primeiro-vice-presidente do PMDB à executiva nacional do partido. Favorável a um mandato de seis anos para Sarney, como determinava a Constituição em vigor, propôs, no entanto, que a discussão fosse estendida para todos os deputados, senadores e governadores peemedebistas.

A partir de abril de 1987, enfrentou uma greve de mais de 90 dias de funcionários e professores, que só foi solucionada com a instituição de reajustes bimestrais ao funcionalismo. Em setembro, criticou a proposta de realização de um plebiscito para decidir sobre o sistema de governo, sustentando que essa questão deveria ser definida pela Constituinte. Em janeiro de 1988, recusou-se a aderir à proposta de rompimento com o governo Sarney feita pelos chamados “históricos” do PMDB, grupo formado por remanescentes do antigo MDB. Concordando que estaria havendo um processo de afastamento do governo em relação ao partido, Simon observou que aquele não seria o momento de oficializar uma ruptura, voltando a insistir na necessidade de se priorizar a Constituinte. Promulgada em outubro de 1988, a nova Carta consolidou a transição democrática brasileira, estabelecendo um mandato de cinco anos para Sarney e marcando a realização das diretas presidenciais para novembro do ano seguinte.

Em dezembro de 1988, lembrando os fatos do suicídio de Getúlio Vargas e a renúncia de João Goulart, Simon considerou injusto o pedido de impeachment de Sarney feito pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investigou denúncias de corrupção envolvendo o próprio presidente da República e alguns de seus principais auxiliares.

Apesar das declarações de apoio ao governo federal, em março de 1989 responsabilizou os ministérios da Fazenda e Planejamento pela possibilidade de liquidação do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e de privatização da Aços Piratini, assinalando que desde o início de sua administração não recebera um centavo sequer da União. Dedicando-se à ampliação do pólo petroquímico de Triunfo no seu estado, procurou consolidar relações com a Argentina, visitando aquele país, ainda em 1989, para tratar do gasoduto Argentina-Rio Grande do Sul.

Nas eleições de novembro deste último ano, Simon apoiou o candidato do PMDB, Ulisses Guimarães, à sucessão presidencial. Por ocasião da realização do segundo turno, que foi decidido entre os candidatos Fernando Collor de Melo, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN), e Luís Inácio Lula da Silva, do PT, mostrou simpatia por Lula. Com a vitória de Fernando Collor, declarou que integraria a oposição ao seu governo, defendendo, no entanto, uma atitude de ponderação.

Em abril de 1990, afastou-se do governo do Rio Grande do Sul para tentar a reeleição para senador da República no pleito de outubro desse ano, sendo substituído no cargo pelo vice-governador Sinval Guazzelli. Reeleito senador pelo PMDB gaúcho, assumiu sua cadeira em fevereiro de 1991.

De volta ao Senado

No ano seguinte, foi membro titular da CPI do Congresso Nacional criada para investigar denúncias de corrupção envolvendo o presidente da República e o ex-tesoureiro da campanha eleitoral de Collor, o empresário Paulo César Farias, conhecido como P.C. Farias. A CPI resultou na abertura de um processo de impeachment contra Collor por crime de responsabilidade.

Aprovado o afastamento do presidente pela Câmara em 29 de setembro de 1992, o processo foi em seguida instalado no Senado, sendo concluído a 29 de dezembro com a cassação de Collor e a suspensão de seus direitos políticos por oito anos, tendo Simon votado favoravelmente à resolução aprovada. Substituído pelo vice Itamar Franco, que vinha ocupando o cargo interinamente desde o dia 2 de outubro, Collor renunciou horas antes da votação no Senado, tentando, sem êxito, evitar a aprovação de sua inelegibilidade.

Após o impeachment de Collor, Simon foi indicado líder do governo Itamar Franco no Senado. Entre 1992 e 1994, integrou as comissões de Educação, de Assuntos Econômicos, de Assuntos Sociais e de Constituição e Justiça. Foi também membro da CPI do Congresso que investigou denúncias de irregularidades na destinação de recursos do Orçamento da União.

Em fevereiro de 1994, tendo em vista a sucessão presidencial de outubro desse ano, defendeu o lançamento de uma candidatura que representasse os partidos de centro-esquerda, sugerindo o nome do ex-ministro da Previdência, Antônio Brito. Criticando a postura do ex-presidente do PMDB, Orestes Quércia, por ter se lançado candidato antes de haver um consenso no partido, propôs uma coligação das agremiações socialdemocratas — PMDB, PDT, PTB e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Segundo Simon, essa coligação seria necessária para enfrentar o candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva, e o candidato apoiado pela direita.

Ainda em fevereiro, empenhou-se na aprovação do Fundo Social de Emergência (FSE) pelo Congresso como forma de viabilizar o plano de estabilização econômica (Plano Real) proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. Garantindo que o plano não era eleitoreiro, considerou-o a “solução democrática” para a crise econômica pela qual o país vinha passando. Segundo Simon, caso o FSE não fosse aprovado, o ministro da Fazenda deixaria o cargo e o governo seria obrigado a recorrer às “medidas de impacto”.

Com a queda da inflação e a popularidade advinda do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, foi escolhido como candidato do governo para suceder Itamar Franco. No PMDB, Quércia teve sua candidatura confirmada mesmo com a oposição de Pedro Simon. Diante disso, e tendo em vista o fracasso de sua proposta para a formação de uma coalizão de centro-esquerda, Simon declarou apoio à candidatura de Cardoso, que, em coligação com o Partido da Frente Liberal (PFL), elegeu-se presidente da República já no primeiro turno das eleições de outubro de 1994.

Deixando a liderança do governo em dezembro seguinte, Simon anunciou a intenção de disputar a presidência do Senado. Tendo como concorrentes na bancada do PMDB os senadores José Sarney (AP) e Íris Resende (GO), prometeu modernizar e sanear a Casa. Com a preferência de Fernando Henrique por Sarney, ameaçou nos bastidores se transformar num novo Carlos Lacerda, que se notabilizara por fazer oposição ferrenha ao governo de Getúlio Vargas (1951-1954). Acusando Sarney de estar usando o Senado como “trampolim para a presidência da República em 1998”, Simon interpretou a vitória do ex-presidente em fevereiro de 1995 como a escolha da política tradicional no PMDB.

Ainda no mesmo mês, apresentou requerimento para a instalação de uma CPI destinada a investigar as atividades de empreiteiras denunciadas por corrupção durante a CPI do PC e a CPI do Orçamento. Em março de 1995, quando conseguiu o número mínimo de assinaturas para constituir a CPI, citou em seu discurso na tribuna o papa João Paulo II, que teria sugerido a “Operação Mãos Limpas no Brasil” (operação que na Itália, por iniciativa da Justiça, investigou o envolvimento de políticos e empresários em casos de corrupção). A CPI, que ficou conhecida como CPI dos Corruptores, não teve, no entanto, continuidade em virtude da oposição do PFL e PSDB, que se recusaram a indicar seus representantes.

Contrário à alta da taxa de juros, em maio criticou o governo Fernando Henrique Cardoso por estar esquecendo o PSDB e executando apenas o programa do PFL. Assim, chamou a atenção para o fato dos debates em torno do Programa Nacional de Desestatização terem ficado restritos aos gabinetes técnicos, excluindo a população. Em agosto de 1995, protestou diante do anúncio de estadualização do Banco Econômico por pressões do senador baiano Antônio Carlos Magalhães, do PFL, considerando que o fato era um “ato de rendição” do presidente da República nunca visto na história do país.

Ainda em agosto, justificando sua proposta de emenda à Constituição elevando para 75 anos de idade a aposentadoria compulsória dos servidores públicos, Simon explicou que ela tinha o objetivo de “preservar a mão-de-obra qualificada no exercício do interesse nacional”, além de “estimular a participação dos cidadãos de terceira idade no mercado de trabalho”. Sugeriu ainda a formação de um conselho para discutir os rumos de uma política nacional para a terceira idade, no qual haveria representantes dos principais ministérios, de organizações não-governamentais (ONGs) e dos próprios idosos.

Em dezembro de 1995, o Senado aprovou projeto de lei complementar originalmente de autoria de Simon, permitindo a quebra do sigilo bancário de políticos e altos funcionários do governo. Ampliada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), a proposta passou também a incluir todos os ocupantes de cargos públicos.

Apesar de suas críticas ao governo, Simon apoiou quase todos os projetos de interesse do Executivo nas principais votações realizadas pelo Senado em 1995, manifestando-se favoravelmente à abertura da navegação de cabotagem às embarcações estrangeiras, à revisão do conceito de empresa nacional, à extinção do monopólio estatal nas telecomunicações e na distribuição do gás canalizado pelos estados e à criação da Contribuição sobre Movimentação Financeira (CMF), cuja receita deveria ser aplicada na área da saúde. Foi contrário, apenas, ao fim do monopólio do Estado na exploração do petróleo. Em fevereiro de 1996, também votou a favor da prorrogação do FSE.

Ainda em fevereiro de 1996, por ocasião da divulgação de fraudes no Banco Nacional que vinham sendo praticadas havia dez anos, Simon propôs criar uma supercomissão para discutir medidas destinadas a moralizar o sistema financeiro nacional, já que, a seu ver, a segurança do sistema e a credibilidade do Banco Central (BC) haviam sido postas em xeque com o conhecimento do episódio. Como membro da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, cobrou também uma explicação do presidente Fernando Henrique Cardoso no sentido de saber se ele havia sido informado das fraudes pelo BC antes da criação, em novembro de 1995, do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer).

Contrário à privatização do Banco Meridional, em maio de 1996 Simon sugeriu sua transformação em Banco do Mercosul (Mercado Comum do Sul), com a abertura de seu capital para os outros três países do bloco — Uruguai, Argentina e Paraguai. Ainda no mesmo período, quando o Senado autorizou o funcionamento do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), criticou os trabalhos da comissão do Senado encarregada de investigar possíveis irregularidades cometidas por funcionários do governo com empresas envolvidas no projeto. Segundo Simon, a criação da comissão para o caso Sivam teria sido uma manobra dos governistas para evitar a instalação da CPI das empreiteiras. Condenou, assim, a aprovação do projeto que autorizava a captação de empréstimo externo para a implantação do Sivam, afirmando que a operação incluía a participação de empresas comprometidas com o suposto esquema de corrupção, citando entre elas a americana Raytheon.

Em outubro de 1996, apresentou proposta de emenda constitucional convocando um plebiscito, paralelamente às eleições de 1998, para decidir sobre a realização de uma revisão constitucional no primeiro ano da nova legislatura. Caso a iniciativa de Simon fosse aprovada pelos eleitores, os deputados e senadores empossados em janeiro de 1999 se reuniriam em sessões unicamerais e, por maioria simples, estariam autorizados a reformar a Constituição de 1988. Quatro meses após o encerramento dos trabalhos, seria realizado um referendo popular para ratificar ou não as mudanças aprovadas pelo Congresso. Para Simon, a revisão serviria para resgatar o prestígio do parlamento e dos partidos políticos brasileiros, e daria fim à “promiscuidade das medidas provisórias” editadas pelo Executivo. Atrelada à emenda, Simon também incluiu uma proposta de reforma partidária que previa a perda do mandato para os deputados ou senadores que trocassem de legenda após seis meses da promulgação da nova Carta.

Como membro da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, em novembro de 1996 Simon votou favoravelmente ao projeto de lei do senador José Eduardo Dutra (PT-SE) que, se aprovado, daria ao Senado a prerrogativa de vetar a inclusão da Companhia Vale do Rio Doce no programa de privatizações do governo federal. Embora não fosse totalmente contrário ao programa, Simon questionava a pressa do governo em se desfazer da Vale, argumentando que a empresa não era deficitária. Sugerindo o adiamento da privatização para “ampliar o debate sobre a questão”, sustentou que a Vale deveria “ser analisada sob um ângulo completamente diferente”, por ser a única estatal brasileira a competir em igualdade de condições no contexto da globalização. Defensor da presença do Estado nos chamados setores estratégicos da economia, alertou que a privatização significava a perda de soberania do país sobre o controle de seu próprio subsolo. Apesar da oposição dos partidos de esquerda e de algumas lideranças políticas — entre elas Pedro Simon —, a Vale seria finalmente privatizada em maio de 1997, tendo sido adquirida por um consórcio formado por diversos grupos nacionais e estrangeiros.

Ainda no final de 1996, indicado pelo PMDB para integrar a CPI do Senado destinada a investigar denúncias de irregularidades na emissão e negociação de títulos públicos (CPI dos precatórios), Simon decidiu não participar da comissão em protesto contra o boicote do PSDB e PFL à CPI dos Corruptores.

Em 1997, durante a discussão no Senado de emenda aprovada pela Câmara instituindo a possibilidade de reeleição do presidente da República e de prefeitos e governadores, Simon propôs a realização de um referendo para ratificar a decisão do Congresso. Seu requerimento, no entanto, sofreu forte oposição do governo e acabou sendo derrotado no primeiro turno de votação da emenda no Senado, em maio de 1997. Contrariado com a posição dos governistas, Simon declarou que, no segundo turno, iria mudar seu voto e manifestar-se contrariamente à reeleição.

Uma semana antes da votação final, enviou carta a Fernando Henrique Cardoso, principal interessado na aprovação do projeto, sugerindo que o presidente enviasse emenda ao Congresso propondo a realização do referendo. Segundo Simon, somente dessa maneira o governo poderia acabar com as especulações sobre a lisura do processo e pôr fim às denúncias de compra de votos durante a apreciação da matéria pela Câmara. Como não obteve retorno de Cardoso, Simon decidiu abandonar o plenário do Senado no segundo turno e a reeleição foi aprovada, em junho de 1997, por 62 votos a favor, 14 contra e duas abstenções.

Antes de se ausentar da votação, Simon fez um discurso no qual afirmou, dirigindo-se ao presidente: “Vossa Excelência, presidente Fernando Henrique, terá o direito de se reeleger sem povo, sem manifestação. Poderia se reeleger nos braços do povo, com um referendo. Vai se reeleger nos braços de pessoas que hoje o aclamam, com as quais, ao que parece, Vossa Excelência está cada dia mais a se identificar.” Essas pessoas a que Simon se referia eram, na verdade, as principais lideranças do PFL. No dia seguinte à votação do Senado, durante entrevista a um programa de TV, citou o vice-presidente, Marco Maciel, o líder do governo na Câmara, Inocêncio Oliveira, o embaixador Jorge Bornhausen e, principalmente, o presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, e seu filho, o deputado Luís Eduardo Magalhães como sendo os pefelistas de maior influência nas decisões do governo. Para Simon, Fernando Henrique estava se afastando de líderes históricos do PSDB, como Mário Covas e Euclides Scalco, para se submeter às orientações do PFL, abandonando seus compromissos com a socialdemocracia.

Ainda em junho de 1997, Simon defendeu a formação de uma frente de centro-esquerda para as eleições presidenciais do ano seguinte, tendo como candidato o ex-presidente Itamar Franco. Sugeriu ainda que Lula abrisse mão de sua candidatura para integrar o movimento.

Em março de 1998, manifestou-se contra o destaque à reforma administrativa do governo federal que instituiu o fim da estabilidade no serviço público por insuficiência de desempenho ou por excesso de gastos com pessoal.

Durante esse mandato, apresentou ainda projeto de lei propondo o financiamento público das campanhas eleitorais, que passariam a ser “custeadas, exclusivamente, por um fundo nacional com dotação específica do Orçamento da União”.

Em outubro de 1998 foi reeleito senador, na coligação formada pelo PMDB, PFL e Partido Progressista Brasileiro (PPB), assumindo sua nova cadeira em fevereiro do ano seguinte. Também na eleição de 1998, Fernando Henrique Cardoso foi reeleito presidente da República e Itamar Franco elegeu-se governador de Minas Gerais.

No Senado, Pedro Simon passou a integrar como membro titular, em junho de 1999, a Subcomissão de Rádio e TV, e, dois meses depois, a Comissão de Combate à Pobreza.

Em abril de 2001, Pedro Simon assinou o requerimento de instalação da CPI da Corrupção, que deveria investigar denúncias de corrupção envolvendo membros do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), levantadas durante os ataques do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) contra o então presidente do Senado Jader Barbalho (PMDB-PA), com quem vinha travando violento embate, no qual se acusavam mutuamente de participação em esquemas de corrupção. A instalação da CPI, no entanto, não conseguiu ser aprovada. Antônio Carlos Magalhães, para evitar uma possível cassação por causa de denúncia de violação do painel eletrônico do Senado, renunciou ao mandato em maio de 2001. Jader Barbalho licenciou-se do cargo em julho de 2001, mas os processos prosseguiram e Pedro Simon defendeu, em agosto, a renúncia definitiva de Jader Barbalho. Este último, alvo de processo de cassação, renunciou ao mandato em setembro de 2001.

Em 2002 Pedro Simon integrou, como titular, a Comissão do Centenário de Juscelino Kubitsheck (JK).

Nas eleições presidenciais de 2002, integrou-se ao grupo de dissidentes do partido, que apoiava o candidato Luís Inácio Lula da Silva, do PT, tendo seu nome sido cotado para ser vice do candidato petista. O PMDB aderiu à candidatura de José Serra, do PSDB, porém este foi derrotado no segundo turno por Lula em 27 de outubro de 2002. Após as eleições, o PMDB se aproximou do candidato vitorioso e Pedro Simon foi cotado para assumir o Ministério de Minas e Energia, mas o cargo terminou sendo ocupado por Dilma Roussef, do PT.

Em junho de 2003, passou a integrar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banestado, formada para averiguar as denúncias de remessa ilegal de dinheiro para o exterior através de contas abertas no Banco do Estado do Paraná (Banestado) em nome de laranjas e de empresas “offshore” e operadas por doleiros para encobrir a formação de caixa dois de empresários e recursos oriundos de corrupção política. Com a formação da CPMI da Terra, em dezembro de 2003, formada para produzir um amplo diagnóstico da questão fundiária no país, Pedro Simon passou a integrá-la como membro titular. Em dezembro de 2004, o senador teceu fortes críticas ao relatório da CPMI do Banestado, apresentado pelo relator, deputado José Mentor (PT-SP), considerado fraco por diversos parlamentares, que consideraram pouco elevado o número de 91 indiciados, num total de 500 mil a 600 mil pessoas físicas e jurídicas investigadas.

Com a eclosão, em julho de 2005, do episódio do Mensalão – que veio a tona após a denúncia de existência de um esquema de mesada que seria paga pelo governo a parlamentares para que estes votassem favoravelmente aos seus projetos -, Pedro Simon defendeu a investigação do caso e, em julho daquele ano, defendeu a unificação de todas as investigações em curso numa CPMI da Corrupção. Além da CPI do Mensalão, as outras investigações diziam respeito à CPMI dos Correios (formada para averiguar denúncias de corrupção nas estatais, especialmente nos correios) e à CPI dos Bingos (formada no Senado para investigar um suposto esquema de cobrança de propina feita por integrantes do governo aos donos de casas de jogos). Criticou, na ocasião, o comportamento dos parlamentares do PT, que, segundo Simon, estariam tratando como ré uma das testemunhas da CPI dos Correios.

Em novembro, por motivos de saúde, Pedro Simon ausentou-se e não pôde participar da votação do relatório final da CPMI da Terra. A maioria dos integrantes da comissão votou pela aprovação do relatório do deputado Alberto Lupion (PFL-PA). Apresentado em substituição ao projeto do deputado João Alfredo, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), do Pará, inocentava a União Democrática Ruralista (UDR) de responsabilidade sobre a violência no campo e pedia investigações sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

 Em maio de 2006, anunciou oficialmente que disputaria a indicação do PMDB para ser o candidato do partido à Presidência da República nas eleições de outubro daquele ano, tendo Antony Garotinho (então filiado ao PMDB) como vice. José Sarney e Renan Calheiros, no entanto, lideraram a ala do partido contrária à candidatura própria e no mês seguinte a Executiva Nacional do partido decidiu que o partido não teria candidato próprio às eleições presidenciais, decisão que beneficiou o presidente Luís Inácio Lula da Silva. Pedro Simon desistiu de disputar a indicação do partido e candidatou-se novamente ao cargo de senador pelo Rio Grande do Sul, tendo obtido um novo mandato pela legenda do PMDB, em outubro de 2006. O presidente Lula foi reeleito presidente da República.

Em junho de 2007, diante da denúncia feita contra o então presidente do Senado, Renan Calheiros, de que este teria usado um lobista da empresa Mendes Júnior para pagar pensão e aluguel para a jornalista Mônica Veloso, com quem teve uma filha, Pedro Simon defendeu publicamente a renúncia do senador à presidência da instituição. Em setembro de 2007, passou a integrar a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Em dezembro de 2007, após novas denúncias de irregularidades envolvendo Renan Calheiros, este renunciou à presidência do Senado. O nome de Pedro Simon foi então cogitado para a presidência da instituição, mas o senador terminou sendo preterido na escolha dos senadores pelo nome de Garibaldi Alves (PMDB-RN) que, inclusive, teve o apoio de José Sarney, com quem Pedro Simon teve discussão acirrada na ocasião, por ter se oposto ao candidato vencedor. Ainda no mesmo mês, votou com o governo pela prorrogação da CPMF, que, porém, terminou sendo rejeitada pelo Senado.

Em março de 2008, o Senado divulgou os gastos com a verba indenizatória de cada senador. A decisão, que havia sido tomada pela Mesa Diretora do Senado havia quatro meses, foi efetivada em meio ao contexto de denúncias de mal uso dos cartões corporativos do governo federal. Pedro Simon, ao lado de alguns senadores, decidiu renunciar formalmente ao direito do recebimento da verba, motivo pelo qual seu nome não figurou na lista divulgada pelo Senado naquele mês.

Em novembro daquele ano, com a possível desistência do senador José Sarney para disputar a eleição à presidência do Senado, Pedro Simon foi novamente cogitado para ser o candidato do partido, para contrapor-se ao candidato Tião Viana (PT-AC). Sarney, contudo, após sinalizar que não participaria da eleição, voltou atrás e decidiu aceitar a indicação.

Em janeiro de 2009, criticou a oposição do senador José Sarney ao ingresso da Venezuela no Mercosul, alegando que tal atitude seria “equivocada” e que poderia transformar o país vizinho em “inimigo”.Também criticou a candidatura de José Sarney à presidência do Senado, vitoriosa em fevereiro de 2009. No mesmo mês, Pedro Simon solidarizou-se com o colega Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) – senador que, como ele, integrava a ala “dissidente” do PMDB, mais crítica ao governo Lula do que a cúpula partidária – que em entrevista à revista Veja fez duras críticas ao próprio partido, acusando a maioria de seus integrantes de serem favoráveis à corrupção. Em março, Pedro Simon fez coro às críticas e declarou que o PMDB não tinha projeto para chegar à presidência da República, mas sim para conseguir cargos, afirmando ainda que seu partido se vendia  “por qualquer dois mil réis”.

A partir de março de 2009, passou a integrar a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e também a de Assuntos Econômicos.

Alguns meses depois, Pedro Simon passou a confrontar o governo na crise gerada pela série de denúncias de corrupção envolvendo a Petrobrás e políticos governistas. Formou-se uma CPI para investigar o caso na Câmara dos Deputados. Em maio de 2009, assinou o requerimento pedindo a instalação da CPI da Petrobrás no Senado, mas esta não obteve o número suficiente de assinaturas para ser instalada. Em junho, veio à tona o episódio Sarney (PMDB), provocado por várias denúncias contra o presidente do Senado: envolvimento no desvio de recursos de patrocínio da Petrobrás e na edição de atos secretos do Senado para permitir a alguns senadores – dentre os quais o próprio Sarney – nomearem e beneficiarem parentes através de atos secretos e sigilosos e, por fim, a denúncia de favorecimento ilegal da empresa do neto do presidente do Senado para a operação de empréstimos consignados a servidores do Senado. Pedro Simon defendeu, em julho, o afastamento de José Sarney do cargo, juntamente com parlamentares da base oposicionista. Com o prolongamento da crise, o senador acusou diretamente o presidente da República de ingerência indevida na questão, para manter Sarney no cargo. Após ter sofrido duro revide em plenário pelo senador Fernando Collor, então aliado de Sarney, Pedro Simon recebeu o apoio de senadores como Cristóvão Buarque. As representações contra Sarney, e também contra o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, impetradas em retaliação, por parte dos aliados de Sarney, foram, contudo, arquivadas pelo então presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ).

Em 10 de junho de 2010, o plenário do Senado aprovou a emenda Pedro Simon, relativa à distribuição dos royalties do petróleo, alterando a proposta em trâmite e propondo compensações financeiras aos estados produtores. A emenda de Simon alterava aspectos de outra proposta, apresentada pelo senador gaúcho Ibsen Pinheiro, também do PMDB, e que retirava dos estados e municípios confrontantes de áreas produtoras no mar os royalties e participações especiais que até então recebiam, cerca de 52,5% de todos os royalties, e determinava a redistribuição do dinheiro a todos os estados e municípios, nas mesmas proporções estabelecidas nos fundos de participação em vigor. De acordo com o projeto, à União caberiam 40% dos royalties, e 7,5% aos municípios afetados pelas operações de embarque petrolífero. A emenda foi muito combatida pelos representantes dos estados produtores. Simon esclareceu que os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, que recebiam então 90% dos royalties do petróleo extraído no mar, seriam compensados em suas perdas pela União.

Nas eleições presidenciais de outubro de 2010, Simon declarou voto em Marina Silva, que concorreu pelo Partido Verde (PV), obtendo cerca de 20 milhões de votos e conquistando o terceiro lugar da disputa, vencida por Dilma Roussef, candidata pelo PT. No Rio Grande do Sul, o senador apoiou o candidato José Fogaça, do PMDB. Este recebeu em torno de 24% dos votos, ficando em segundo lugar na disputa vencida no primeiro turno por Tarso Genro do PT, que conquistou cerca de 54% dos votos válidos.

Em janeiro de 2011, o Senado arquivou o Projeto de Lei 25 / 2005, de autoria de Pedro Simon, e que pretendia tornar Lei a Lista Suja do Trabalho Escravo, prevista na Portaria 540 do Ministério do Trabalho (MTE), e que determinava a publicação semestral da lista de pessoas e empresas flagradas na exploração de trabalhadores em condições análogas à escravidão.

Em 2011, a questão da reforma do Código Florestal Brasileiro de 1965 ganhou grande destaque no parlamento, com a apresentação de um projeto de reforma apresentado pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), apoiado por parlamentares do chamado grupo ruralista e muito combatido por ambientalistas, que acusavam o novo código de restringir a legislação ambiental, como, por exemplo, através da redução da faixa de proteção nas margens dos rios. O texto, porém, foi aprovado por ampla maioria dos deputados, seguindo para a apreciação do Senado, onde uma nova versão foi elaborada. Em 6 de dezembro de 2011, Simon votou a favor do texto substitutivo  de autoria dos senadores Luís Henrique (PMDB-SC) e Jorge Viana (AC) e que, apoiado pelo governo federal, buscava fazer concessões aos dois lados em disputa. Simon considerou que o texto discutido no plenário do Senado, e aprovado pela maioria dos senadores, era melhor do que o apresentado na Câmara. Em abril do ano seguinte, no entanto, o texto foi rejeitado pelos deputados, que aprovaram a versão apresentada pelo deputado Paulo Piau (PMDB-MG), e que na prática anulava as concessões aos ambientalistas. Em outubro de 2012, alguns dos pontos mais polêmicos do texto foram vetados pela presidente Dilma Roussef.

Em dezembro de 2012, no momento em que o julgamento dos acusados de envolvimento no escândalo do Mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ganhava os jornais, Simon lançou em Brasília seu livro O Momento Supremo do Brasil – a Justiça Conquistada: Das CPIs ao julgamento do mensalão, dividido em três partes, que abordavam a corrupção, as CPIs e o papel da imprensa. Simon elogiou, na ocasião, o STF, que para ele poderia ser apontado como a instituição mais confiável pela população brasileira. No dia 8 do mesmo mês, na tribuna do Senado, elogiou a atuação do STF, que para ele estava escrevendo “uma página linda da democracia”. No mesmo discurso, porém, criticou fortemente o Senado que para ele vivia “um dos momentos mais vexatórios da história”, afirmando que a CPMI que investigava os negócios de Carlos Cachoeira estava “envergonhando o Congresso Nacional”. A comissão havia sido instalada em abril daquele ano após prisão, em 29 de fevereiro, do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, pela Polícia Federal, na operação Monte Carlo, que desarticulou uma organização que explorava máquinas de caça-níqueis em Goiás. A comissão passou a investigar as relações ilegais entre o empresário com políticos, servidores públicos e empresários, mas, em 17 de dezembroencerrou suas atividades, sem apontar responsáveis pelo envolvimento no esquema de corrupção comandado por Carlinhos Cachoeira e sugerindo apenas o envio de todos os dados em poder da comissão ao Ministério Público.

Em março de 2013, Simon declarou apoio ao Projeto de Emenda Constitucional, PEC 66, conhecida como PEC das Domésticas, estendendo à categoria direitos como o controle da jornada de trabalho, com limite de oito horas diárias e 44 semanais, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) obrigatório, horas extras, adicional noturno e seguro desemprego. O projeto foi aprovado em segundo turno pelo Senado em 26 de março.

Em julho de 2013, Simon anunciou que não iria concorrer à reeleição, considerando que havia cumprido sua missão. Disse ainda que se dedicaria à família e atuaria nos bastidores políticos, atuando na articulação interna do PMDB.

Em setembro de 2013, juntamente com outros senadores, pediu publicamente ao ministro Celso de Mello, do STF, que não recebesse os embargos infringentes que poderiam levar a um reinício do processo do chamado “Mensalão”. O ministro, porém, assim como a maioria dos ministros do STF, aceitou os embargos.

Em setembro, ainda, Simon apoiou publicamente a homologação da Rede Sustentabilidade (Rede),  novo partido político proposto pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, criticando a postura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que rejeitou a criação do partido em tempo de disputar as eleições de 2014, alegando número insuficiente de assinaturas coletadas. Simon foi um dos articuladores da subsequente entrada de Marina no Partido Socialista Brasileiro (PSB), apoiando a aliança entre esta e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, formando chapa que considerou publicamente como a melhor opção para as eleições presidenciais de 2014.

Em 2 de outubro do mesmo ano, votou com a maioria dos senadores da CCJ do Senado contra o fim do voto obrigatório nas eleições de todo o país, proposto pelo PEC 55/2012, dito PEC do Voto Facultativo. O projeto, de autoria de Ricardo Ferraço (PDMB-ES) e relatado pelo senador Pedro Taques (PDT-MT), instaurava o voto facultativo nas eleições. Segundo Simon, o fim da obrigatoriedade tornaria possível a ocorrência de manobras eleitorais ilegítimas, especialmente em cidades onde o eleitorado é pequeno.

Em 1º de novembro, atacou duramente, em discurso no plenário, os chamados Black Blocs, jovens atuantes com máscaras nas manifestações de rua que tomaram conta do país a partir de junho do mesmo ano, comparando-os aos terroristas do grupo Al-Qaeda.

Simon, no mesmo ano, apoiou o PEC do Voto Aberto, que determinava a eleição aberta nas votações do Senado e que já tinha sido aprovado pela câmara. Em 13 de novembro, o projeto foi aprovado em primeiro turno pelo Senado, necessitando ainda de aprovação em segundo turno.

Em 15 de novembro de 2013, participou da cerimônia oficial organizada para receber os restos mortais do ex-presidente João Goulart com honras militares de chefe de estado, e que contou com a presença da presidente Dilma Roussef e dos ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor. No dia 21 do mesmo mês, o Senado aprovou e votou projeto de sua autoria, juntamente com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), declarando nula a contestada sessão do Congresso que em 2 de abril de 1964 havia declarado vago o cargo presidencial, permitindo assim a deposição, por vias institucionais, do presidente João Goulart, que então sofria o golpe militar iniciado em 31 de março daquele ano. Simon comemorou a anulação, declarando que o momento era de se exaltar um “momento histórico”.

Simon realizou diversas viagens de estudo a vários países da Europa e América Latina, além de Canadá, Estados Unidos, Líbano, Egito, Índia, Japão, Síria, Paquistão, Tailândia, entre outros. Pós-graduado em economia política pelo Instituto de Economia da PUC de Porto Alegre e com estudos na Sorbonne, em Paris, e na Faculdade de Direito de Roma, exerceu o magistério lecionando economia política e sociologia na Faculdade de Filosofia de Caxias do Sul. Além do magistério, trabalhou também como advogado.

Foi casado com Tânia Maria Chanan Simon, com quem teve três filhos, um deles falecido. Após a morte de sua esposa, casou-se pela segunda vez com Ivete Fülber, com quem teve um filho.

Publicou diversos trabalhos, entre os quais Por um Rio Grande maior (1976), MDB: uma opção democrática (1976), A inflação e o Rio Grande do Sul — celeiro do Brasil (1979), De Olívio Dutra a Flávia Schilling (1980), Eleições diretas: quem as teme? (1980), 1930: a verdadeira revolução (1980), Getúlio Vargas, 100 anos do grande estadista (1983), Salário mínimo, vergonha nacional (1992), Reflexões sobre o PMDB (1993), Combatendo a impunidade — discursos e projetos (1994) e Mudando o Senado (1995). Em 2013, lançou a obra Fé e Política – de Pedro a Francisco.

Verônica Veloso/Luís Otávio de Sousa/ Inoã Pierre Carvalho Urbinati

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