A União Libanesa da Diáspora é uma Associação Brasileira que agrega líderes e membros da Comunidade Libanesa no Brasil com sede em São Paulo.

Quando devemos ter um Presidente da República no Líbano? Por Dr. Assad Frangieh

Muitos políticos apostam na iniciativa do enviado especial do Presidente Biden, Amos Hochstein, para poder alcançar um acordo no qual os confrontos no sul do Líbano e norte da Palestina cessem. Há a Resolução 1701 que possa servir de base desse acordo, mas não parece que o Governo de Israel quer ceder e aplicar a resolução. A mesma, devolve os territórios libaneses ocupados por Israel, reduz a presença militar aparente da Resistência Libanesa ao sul do Rio Litani, assegura o retorno dos 200 mil colonos israelenses e os 100 mil libaneses sulinos às suas residências. Esse acordo seria bom se tivesse sido aplicado desde 2006, mas Israel o violou mais de 30 mil vezes. Em especial, pelo espaço aéreo. Independente disso, é preciso que um Presidente da República assine esse acordo. Por esse ponto de vista, uma solução teria que ser completa, um cessar fogo duradouro e um Presidente para participar da assinatura e da recuperação do Estado Libanês. Mas este acordo só acontecerá após o cessar fogo em Gaza. Parece que o enviado norte americano absorveu a posição libanesa e já disponibilizou para a administração Biden.

Como as administrações americanas trabalham sempre a partir de uma perspectiva puramente pragmática, sempre ligada aos interesses de Washington e dos seus aliados, não na cena libanesa, mas em todo o Oriente Médio, as várias probabilidades são de que a “dupla xiita”, que inclui o “Movimento Amal ” e o “Hezbollah” serão os primeiros vencedores deste último cenário regional, independentemente dos resultados reais da guerra, por várias razões, mais notavelmente:

1 – Os franceses, que, desde o início da vacância presidencial no Líbano, há dezesseis meses, apresentaram mais do que uma tentativa de se conectar à crise libanesa, não conseguiram resolver nenhum dos nós existentes, e o regresso do enviado presidencial Jean-Yves Le Drian ficou ligado ao que o Comitê dos Cinco Países (EUA, Saudita, França, Qatar e Egito) decidirá, e nisso ele está ausente ou encostado.

2 – Os três países árabes nesse Comité Quinquenal, tornaram-se mais a família da Noiva, dando conselhos sobre o casamento, mas a decisão ainda está nas mãos da própria “noiva” .

3 – O Hezbollah, o Movimento Amal e seus aliados políticos e estratégicos, os que constituem o eixo da resistência no Líbano, são eles que pagam os preços com vidas e áreas destruídas, portanto são eles que sentarão à mesa das negociações, direta ou indiretamente, e são eles que estão qualificados para estabelecem os termos e condições, enquanto todos os outros partidos libaneses e autoridades posicionadas como oposição, permanecem se manifestando em suas mídias sociais sem poderio de modificar cenários.

O que é constante nas guerras e nas negociações é que os resultados mais úteis não ocorrem necessariamente em reuniões públicas e declarações através dos meios de comunicação social, mas muitas vezes surgem nos bastidores, longe das linhas de contato, e todos só as conhecem quando são anunciadas. Cessando a Guerra em Gaza, um acordo ao norte da Palestina e sul do Líbano é provável e um Presidente da República será eleito. Até lá aguardamos.

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