Contrariando as recomendações do Supremo Conselho de Defesa do Líbano, da Presidência da República e do Gabinete de Ministros, o Governador do Banco Central do Líbano decidiu cortar na véspera do dia 11 de agosto, os subsídios sobre a gasolina e diesel, num passo que antecede o corte de outros subsídios sobre os medicamentos e alimentos. Um galão de 20 litros custa em média 75 mil liras libanesas e sem subsídio poderá alcançar acima de 275 mil – por causa da variação do dólar de 3.900 liras para quase 21 mil liras. Portanto um violento impacto na vida dos libaneses que será sentido no fornecimento de eletricidade, alimentação, transporte e saúde. Um impacto de fúria que vem atingindo o Líbano.
O pivô desta crise no Líbano considerada entre as três maiores do Mundo, Riad Salame assumiu a Governança do Banco Central em 1993 e continua até hoje. Prestou serviços ao Fundo Monetário Internacional, ao Fundo Monetário Árabe recebendo títulos e elogios das maiores revistas e jornais econômicos mundiais. Arrecadava empréstimos internacionais, investimentos financeiros da Diáspora Libanesa pelo Mundo e também dos nativos libaneses que vendiam suas propriedades para receberem de 14 a 17% de juros anuais sobre o dólar. Numa estabilidade de moeda libanesa forjada, o libanês estava viajando pelas nuvens da prosperidade e de repente no fatídico dia 17 de outubro de 2019, a casa cai e um feriado bancário foi declarado.
Os 100 bilhões de dólares que o caixa do Banco Central deveria ter, sumiram de vez e parece que havia apenas menos de 17 bilhões. “Parece”, porque não há nenhum documento oficial indicando isso. Esse dinheiro que entrava nos cofres dos Bancos era emprestado ao Banco Central que financiava os projetos governamentais feitos sem licitações públicas e em claro direcionamento para a corrupção e desperdício do dinheiro público. O Governo pedia dinheiro, Riad Salame liberava e assim todos saiam felizes. Quem achava que ganhava 14-17% de juros, na verdade recebia os juros de seu próprio capital. Uma tremenda Pirâmide que desmoronou em dias.
Candidato nas últimas eleições em 2016 para o cargo de Presidência da República, Riad Salame nunca escondeu suas pretensões políticas apenas omitiu qualquer declaração financeira sobre a moeda libanesa desvalorizada em níveis astronômicos ou das reservas da Fazenda Libanesa. Simplesmente, um todo poderoso que travou as mudanças que o interino Presidente do Gabinete Hassan Diab tentou aplicar contra a Crise e que tinha pedido a substituição de Salame, mas foi barrado pelo veto aberto dos principais líderes políticos e religiosos do Líbano junto aos cartéis dos bancos, macro comerciantes, parlamentares e até Embaixadores de outros países em ingerência direta no Líbano.
Olhando a foto dele e refletindo sobre o fundo do poço que o Líbano atingiu, só há uma pergunta a se fazer. Riad Salame é um vilão nato, um “laranja” dos últimos 30 anos de Governo ou um bode expiatório do que virá pela frente? Ou será tudo isso junto?
Veremos.