Em uma sessão de julgamento público para a alma de uma pessoa falecida antes que ele se reunisse novamente com seu corpo para viver a felicidade e a eternidade no novo mundo eterno, o juiz do Tribunal das Almas perguntou-lhe: Alma, você mentiu? Ele disse: Sim, eu menti para minha esposa para elogiar sua beleza e a qualidade de sua comida. Você torturou um animal? -Ambos..! Exceto pelo pássaro cuja voz eu gostava, então eu o tranquei por dois dias e depois o soltei..! Você já derramou o sangue de um animal sem culpa? Muito, senhor.. quando eu oferecia como oferenda a Deus para alimentar os pobres..!
Você foi a causa das lágrimas humanas? Sim, minha mãe, quando adoeci em seus braços! A água do rio foi poluída? Sim, quando nadei nele uma vez enquanto estava no trabalho! Você matou uma planta ou uma flor? Sim, quando tirei uma flor para minha namorada! –Você roubou o que não é seu? Sim, roubei o coração e o amor dos meus vizinhos sem serem da minha seita e religião! Você é superior aos outros por causa de sua alta posição? Eu costumava me ver como o mais fraco de caráter diante da grandeza do Senhor! Sua voz aumentou durante uma conversa? Eu estava apenas falando com meu Senhor, chorando e sussurrando!
Sua língua se envolveu em perjúrio? Eu disse falsamente quando acobertei um vizinho meu! Você aceitou um suborno? Sim, bastante… beijos da minha filha para atender seus pedidos. E o que você fez bem? Uma vez fui olho de cego, outra mão de paralítico, perna de aleijado, pai órfão, coração puro, mãos puras, cantava, ria, dava risadinhas, dançava e tocava flauta na alegria do meu vizinho não ugarítico!
Parabéns, alma: você passou na fase mais importante! Disse o juiz enquanto fechava o registro sob os olhares atônitos da alma. Juiz, você não vai me perguntar sobre minha fé, minha adoração, minha oração, meu jejum, meus rituais?! – Não, alma pura.. essa é uma questão sobre a qual ninguém tem autoridade, que é determinada somente pelo Senhor… determinado somente por Deus!!
Um fragmento de um texto ugarítico (cidade escavada há pouca distância de Tartous, litoral norte da Síria) escrito há mais de sete mil anos e que está preservado hoje no Museu do Louvre, em Paris.