Trecho traduzido da conclusão do relatório de análise do Centro de Pesquisa da Ásia Oeste – Como seria para cada lado?
Quanto aos Estados Unidos, o governo americano continuará os esforços para conseguir a normalização para registrar como uma conquista a favor de Biden. É um esforço incluído nas considerações de segurança nacional dos EUA enquanto o declínio da influência na região permaneceu. Em paralelo, se as negociações nucleares com o Irã forem retomadas, é preciso que Washington procure tranquilizar seus aliados de que o acordo não limitaria seus compromissos de segurança. Também é necessário que Washington limite a aproximação saudita chinesa mantendo a atual liderança saudita submissa ao governo americano, evitando qualquer tensão adicional. Enfim nesta normalização, não se sabe quais repercussões nos mercados de petróleo diante da continuidade da crise na Ucrânia.
Quanto ao Estado de Israel, Netanyahu, atolado em suas crises internas, precisa de uma vitória que traga de volta parte de sua popularidade, assim como a normalização com a Arábia Saudita levará outros países a reconhecerem a entidade. Isso voltaria a falar sobre uma OTAN árabe israelense em face da República Islâmica do Irã à luz da retirada americana da região do Oriente Médio. Esta normalização pode também impedir um colapso da Autoridade Palestina banindo assim o espectro de uma nova intifada. Entre outras metas estão as promoções da abertura aos mercados árabes.
Com relação à Arábia Saudita, a Monarquia precisa remover as barreiras aos negócios de compras de novas armas afim de melhorar suas capacidades militares. O dossiê nuclear saudita também se tornou uma prioridade para Bin Salman, que aspira sua entrada no clube dos países nucleares. A normalização com Israel fornece a Bin Salman a chave para sua visão econômica 2030. No entanto, as transformações econômicas pelas quais o Reino vem passando recentemente, estão reorganizando muitos outros dossiês como da Síria e tudo que desemboca na política de “zerar crises”.
Para concluir o acordo de normalização, há as seguintes considerações:
1- A presença do rei Salman no poder e o fato de a Arábia Saudita ser a dona da iniciativa árabe em geral 2002 faz com que ela precise apresentar tópicos relacionados à causa palestina, para mostrar que não a tivesse abandonado, semelhante à justificativa dos Emirados Árabes Unidos para sua normalização ao interromper o projeto de anexação.
2- A necessidade de reorganizar os dossiês da região e garantir o estabelecimento de novas conciliações,
3- A presença de um governo de extrema direita e a escalada de violações contra os palestinos podem pressionar a Arábia Saudita para aguardar mudanças no cenário político internacional.
Assim, e com base nas opiniões de especialistas e estimativas de números e dados, a Arábia Saudita precisa de um limite
transformação econômica, que leva no mínimo entre 15 e 20 anos para completá-lo. A Monarquia vai prosseguir com a política de “zerar as crises” nas próximas duas décadas, de forma a contornar a Segurança Global e os desafios políticos na realização das ambições econômicas.
Pelo exposto, a normalização da Arábia Saudita com a entidade pode ser um trunfo para ela, no futuro, apenas caso:
Se garantir o acesso da Arábia Saudita à energia nuclear, o que parece absurdo, porque será lançado uma corrida armamentícia na região e que ameaçará a supremacia militar de Israel
Se assegurar a tutela e a proteção americana, o que também parece inatingível, à luz do forte oposição do Congresso Norte Americano.
Se assegurar promessas de preservar sua imagem (Bin Salman) como líder do mundo islâmico e defensor da causa palestina, como a promessa de não anexar a Cisjordânia ocupada e de não construir novos assentamentos na Cisjordânia.
Por outro lado, a Arábia Saudita pode manter os canais de comunicação abertos com outros países, especialmente a China, e isso também se aplica aos negócios de armas. Poderá manter sua imagem de protetor dos palestinos. Portanto, espera-se que a Arábia Saudita não adere ao acordo de normalização durante o governo do presidente Joe Biden. Embora a cooperação continue existindo entre os dois lados e trabalhe para expandi-la em vários outros campos, especialmente o aspecto que é do interesse da transformação econômica que sustenta a Visão 2030.
Normalização das Relações entre a Saudita e Israel – Estudo – em arabe