Por Dr. Assad Frangieh
O Gabinete de Ministros do Líbano indicou o economista e advogado Karim Souaid para a Governança do Banco Central do Líbano. Foi por 17 votos a favor e 7 contra. Portanto um cargo que deveria ter unanimidade dos ministros perante os planos futuros da economia demostra importante cisão do Governo do Líbano. Os partidos políticos apoiaram o candidato do Presidente Aoun enquanto ministros aliados de Nawaf Salam votaram contra. De certa forma, uma derrota para o Premiê Ministro.
A divergência está na política que o Karim Souaid prega. Ele quer que toda a responsabilidade pelo pagamento dos depositantes sejam transformada em Dívida Pública. Portanto caberia ao Governo ressarcir os bancos e os bancos ressarcirem os depositantes. Assim os bancos se livram dessa responsabilidade e voltam a atuarem na economia do Líbano na tentativa de reabilitação rápida. Esta dívida pública será aos poucos diluída e provavelmente o Governo vai acabar com 80-90% do seu valor real. Além do depositante perder seu dinheiro, agora tem que esperar a dívida pública ser paga. É uma esperança subjetiva de difícil concretização. Ao fim, o Lobby do Bancos libaneses conseguiu fazer prevalecer sua vontade.
O Premiê Nawaf Salam, por seu lado também, não apresentou um candidato convincente e os nomes sugeridos pareciam uma indicação do antigo premiê e ex-ministro das finanças Fouad Al Seniora que no momento virou reformista e chama por recuperar o dinheiro dos depositantes com reformas políticas, judiciais e econômicas. De certa forma, é a cartilha do FMI – Fundo Monetário Internacional porém, sem objetividade e sem prazo para isso. O próprio Fuad Seniora é acusado de gastar 11 bilhões de dólares do dinheiro público, sem nenhuma prestação de contas. Não ficou claro quem era o candidato do Premiê Nawaf Salam. A ideia era impedir a indicação de hoje e buscar uma alternativa. Não deu certo.
Como disse o refrão brasileiro, se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. Os banqueiros libaneses são os maiores vencedores nesta indicação, o Governo assume uma dívida sozinho e o povo que se lasque. Início da cisão aberta entre Presidência e o Premiê Ministro. Novamente, o povo que se lasque.