A União Libanesa da Diáspora é uma Associação Brasileira que agrega líderes e membros da Comunidade Libanesa no Brasil com sede em São Paulo.

O que aconteceu com os depósitos financeiros no Líbano? Alguma novidade?

Por Ahmed Bahja, analista financeiro e econômico.

O destino dos depósitos ainda é desconhecido. Não há novidades. Passaram cinco anos desde que a crise eclodiu e a moeda nacional entrou em colapso, e nenhuma decisão foi tomada… Apenas o Governo do Professor Hassan Diab desenvolveu um plano de recuperação, mas este não conseguiu ser implementado por razões sobre o qual falamos em detalhes mais de uma vez.

Durante os tempos do Riad Salameh (que também era protegido por razões bem conhecidas), apenas circulares emitidas saíam do Banco do Líbano, e o objetivo era reduzir os encargos sobre os bancos e não sobre as pessoas… já que o volume de saques é estimado em cerca de 47% do valor total dos depósitos, e os bancos têm conseguido ao longo dos anos. Nos últimos cinco anos (com a ajuda de Riad, é claro), cerca de 80 bilhões de dólares foram dissolvidos de depósitos totais estimados antes da crise em cerca de 170 mil milhões de dólares.

Os bancos comerciais publicaram sucessivamente os seus números para o primeiro trimestre do ano em curso, e o Banco do Líbano também publicou indicadores setoriais para o orçamento combinado até ao final de Maio passado. Os números publicados este ano caracterizaram-se pela adoção da taxa de câmbio real e realista para a elaboração do orçamento. Isto dá uma imagem muito mais clara da situação real do setor, ao contrário dos orçamentos dos anos anteriores. Como a adopção de uma taxa de câmbio de 15 mil libras por dólar durante o ano passado, e de 1.500 libras por dólar nos anos que o precederam, conduziu ao resultado desejado pelo Banco do Líbano, pelos bancos e por um grande número de políticos, figuras da mídia e clérigos, e dizendo ao povo: “Aqui vocês tiraram dos bancos cerca de metade dos seus depósitos e o resto vocês também receberão nos próximos anos”. Mesmos velhos truques ou através de novas “circulares” que servem o mesmo propósito…!

Referimo-nos aqui a uma circular enviada pela Associação de Bancos aos seus associados, que inclui uma carta recebida do Ministério das Finanças para que os bancos forneçam ao Ministério informações sobre aqueles que reembolsaram os seus empréstimos aos bancos após Outubro de 2019 em uma cotação do dólar de 1.500 liras (excluindo crédito à habitação), e até agora não se sabe qual é o objetivo do Ministério das Finanças disso… mas a questão é por que limitar a informação a quem reembolsou os empréstimos, e aqueles a quem os bancos deram uma parte das suas contas ao preço de 1.500 liras, que é a parte de que falámos anteriormente e a sua percentagem ascende a cerca de 47% do volume de depósitos?

É claro que existem intenções maliciosas por trás de tudo isto, especialmente porque a maior parte da casa não se importa em adoptar soluções parciais que são injustas para os depositantes em primeiro lugar e também para os libaneses como um todo, se estes soluções os salvam e evitam julgamentos e responsabilizações, como é costume no Líbano, onde são realizados. Para “rolar” os maiores casos de corrupção, os arquivos são colocados em gavetas ou mesmo jogados no lixo e esquecidos… Se a gente quiser.

Exemplo disso vemos hoje no trabalho da subcomissão emanada da Comissão de Finanças e Orçamento, que está encarregada de estudar o projeto do “Fundo Fiduciário”, ou “Fundo de Recuperação de Depósitos” pela Associação de Bancos no ano de 2020, que é o projeto através do qual pretendia que os bancos e os seus responsáveis ​​contornassem o plano de recuperação apresentado pelo governo do Primeiro-Ministro Diab no final de Abril de 2020. O projeto bancário visa extinguir as perdas bancárias através da vinculação dos depósitos às receitas públicas. Isto, evidentemente, não devolve os depósitos ao povo, mas impõe grandes encargos adicionais ao Estado e à economia e dívidas que não podem ser reembolsadas.

Mais do que isso, o projeto responsabiliza todo o povo libanês pelas perdas sofridas pelos bancos, em vez de limitar a responsabilidade entre os próprios bancos, o Banco do Líbano e o Estado. Esses fardos ou a fuga dos perpetradores da responsabilização, do julgamento e da punição exigem mais vítimas…?

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