Por Assad Frangieh para o Grupo de Estudos Geopolíticos do Oriente Médio –
O ataque a Pearl Harbor foi um ataque militar surpresa do Japão contra os Estados Unidos que fez ambos os países declararam-se em guerra. Durou mais de sete horas de ações militares planejadas contra territórios ultramarinos do Reino Unido, Países Baixos, Estados Unidos, em ataques japoneses coordenados às Filipinas, Guam, Ilha Wake dos Estados Unidos, Império Britânico na Malásia, Singapura e Hong Kong. O Império do Japão pretendia o ataque como uma ação preventiva para impedir a Frota do Pacífico dos Estados Unidos de interferir em suas ações militares planejadas no sudeste da Ásia. No dia seguinte, dia 8 de dezembro e depois no dia 11, a Guerra foi declarada nos EUA, Japão, Itália e Alemanha. Até então, acordos bilaterais entre os países ainda tentavam os rumos das diplomacias. Conhecemos como isso acabou.
O ataque à Beirute há dias atrás, é a repetição de um Pearl Harbor com um ataque maciço de forças aéreas de Israel, Estados Unidos, Grã Bretanha e outros aliados, muitos mais súditos do que qualquer coisa. Assim como a Marinha dos EUA sofreu importante baixas humanas em Pearl Harbor, o ataque à Beirute culminou com a morte do Secretário Geral do Hezbollah e outro 600 libaneses civis. Nenhuma instalação militar de lançamento de mísseis ou de comando foram atingidas, apenas edificações civis e casas dispersas em vilarejos libaneses. É insulto à inteligência internacional dizer que misseis são guardados em sala de dormir ou na dispensa das casas, mas a retórica dos militares de Israel já é parte da Guerra. Em resumo, o objetivo da incursão era alcançar a liderança do Hezbollah. Foi feito isso antes há mais de 20 anos. As manchetes na época falaram do fim do Partido e o que se viu, é a recuperação total do comando político e a aquisição de um poderio militar enorme. Ao final, só abriu uma nova página do conflito.
Se a meta de Israel é cortar o apoio indireto do Líbano aos combatentes palestinos em Gaza mediante um acordo de submissão das forças do Hezbollah à um acordo imposto pelo intermediários norte americanos e europeus, creio que estamos muito longe disso acontecer. O destino do agressor à terra libanesa será o mesmo destino das campanhas sanguinárias do Japão. É uma questão de tempo que a História nos ensina. Esse ataque à Beirute tem consequências que não se delimitam ao Líbano. É um ataque que consolida uma ligação de destino e uma cooperação que começa em Gaza e vai de Beirute à Damasco, Bagdá, Teerã e Sanaã. E na geopolítica internacional, à Rússia e à China e, outros aliados.
Em poucos dias, o Hezbollah deverá recompor sua frente política local enquanto a sociedade israelense, menos eufórica com os atos de seus Generais e proibida de abandonar o país, (todas as linhas aéreas estrangeiras suspenderam seus voos à Tel Aviv), começará conhecer melhor no que Natanyahu a meteu.
O Presidente Trump, em seus comícios, relatou três situações. A primeira que a administração democrática de Biden falta com a verdade em tudo. A segunda que o Estado de Israel terá seu fim em dois ou três anos se os Democratas continuarem na Casa Branca e a terceira, o Biden está dando início à terceiro guerra mundial. Ele não fala sem consistentes argumentos e conhecimentos.
Sabemos como Pearl começou uma nova fase da Guerra e como acabou. Por enquanto, sabemos como Beirute começará esta nova Guerra e seu fim não será diferente do que vimos na História.